quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A moça do guarda-chuva


Meu primeiro semestre de faculdade foi, também, minha primeira experiência morando fora de casa. Eu, assim como diversas outras pessoas que se mudam do interior para essa “selva de pedra”, tive um baque enorme no começo – a sensação de estar sozinha mesmo rodeada de pessoas é ainda pior do que estar sozinha de fato. Por isso acabei ficando muito triste e extremamente melancólica, o que só foi piorando conforme me sentia engolida pela cidade.
Esta época coincidiu com o final do ano e suas famosas “listas de ano novo” e, assim, eu decidi fazer pequenas promessas para mim mesma – uma delas era me abrir de verdade para a cidade e me dar uma chance de descobrir realmente São Paulo. Voltei para a faculdade com a ideia de manter essa promessa, mesmo sem saber exatamente como cumpri-la ou quais suas consequências para a minha vida. No meu primeiro dia de aula me obriguei a ir na festa dos formandos e conhecer pessoas novas e isso deu bastante certo, o que acabou me dando um choque de otimismo e alegria que culminou comigo andando sozinha pela Avenida Paulista no meio da chuva, apenas para aproveitar o final da tarde bonito que fazia.

Enquanto caminhava pela ponte para chegar no metrô Paraíso, parei para tirar uma foto do por-do-sol, que estava de um amarelado radiante (talvez intensificado pela minha alegria) – peguei meu celular, apontei para o horizonte e, antes que percebesse, uma moça apareceu do meu lado, colocou seu guarda-chuva sob mim e disse “eu te cubro pra você tirar a foto!” com um sorriso no rosto. Por mais banal e rotineira essa atitude possa ter soado, ela reascendeu em mim a esperança infantil que eu tinha sobre a gentileza alheia e mudou completamente o meu modo de me portar perante os outros. Foi neste dia que eu comecei a acreditar no que hoje é o meu lema: “quando você se abre pro mundo, o mundo se abre pra você.”.

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